Construtora vê custo 8,4% menor na adoção de laje protendida em vez de treliçada

Estudo comparativo entre orçamentos foi feito para empreendimento residencial com cinco pavimentos na cidade de Belo Horizonte

Evelyn Oliveira
Edição 172 – Novembro/2015
Residencial de cinco pavimentos em Belo Horizonte utilizou laje pré-fabricada protendida.

A BLW Construtora e Incorporadora optou pela utilização de laje pré-fabricada protendida no edifício residencial Taurus, que está em fase final de obras na cidade de Belo Horizonte. O empreendimento é composto por uma única torre de cinco pavimentos, com oito apartamentos e 16 vagas de garagem.

Diante das várias opções de pré-fabricados disponíveis no mercado, a equipe de engenharia realizou um levantamento comparativo entre a laje protendida e a treliçada. A partir do estudo, ela verificou que o custo por pavimento executado com laje protendida seria de R$ 13.280, enquanto na alternativa treliçada atingiria R$ 14.396, uma diferença de R$ 1.116, ou o equivalente a uma elevação de 8,4% no orçamento (veja detalhes na tabela da página ao lado).

Para uma obra desse porte, o valor absoluto da diferença de custo entre os dois tipos de lajes não é tão significativo no orçamento total da obra. A maior diferença para o orçamento, na verdade, está na adoção de um sistema pré-fabricado no lugar de um que seja moldado in loco, explica Breno Alves, engenheiro civil responsável pelo residencial. “Ter elementos pré-fabricados em obras e conseguir industrializar algumas etapas torna a produção mais eficiente, mais barata e mais segura”, sintetiza.

As duas opções estudadas de lajes pré-fabricadas são unidirecionais, ou seja, possuem armaduras direcionadas a um único sentido e demandam apenas dois pontos de apoio, que, neste caso, são as paredes de alvenaria. Já as lajes com armaduras bidirecionais exigem mais pontos de apoio, consequentemente gerando custos adicionais com montagem, fôrmas, escoramentos, além de maior tempo de execução.

Para a obra de Belo Horizonte, a equipe da BLW também considerou outros parâmetros importantes para o seu projeto. “Se eu posso ter o mesmo preço para produtos com qualidades diferentes, tenho que optar por ter aquele que me oferece maior qualidade e maior segurança, sem prejuízo de tempo ou prejuízo financeiro”, afirma Alves.

Vantagens
As duas lajes são indicadas para empreendimentos residenciais e comerciais. No entanto, a laje pré-fabricada protendida possui capacidade de suportar cargas (capacidade portante) bem acima dos valores normativos das configurações básicas para pequenos vãos, o que representa um fator favorável à segurança do projeto (Veja nossa tabela). Conforme estabelece a Norma Técnica NBR 6.120 – Cargas Para o Cálculo de Estruturas de Edificações, a sobrecarga mínima exigida para um projeto residencial é de 150 kg/m² (para sala, dormitórios, copa, cozinha e banheiro). A laje protendida adotada no edifício, por exemplo, suporta 400 kg/m².

Além disso, esse sistema tem resistência suficiente para garantir vãos entre pilares distantes entre si até aproximadamente 5,5 m, de acordo com Alves. No edifício Taurus, esses vãos oscilam entre 1,25 m e 5 m. O engenheiro pondera que, se fosse adotado o sistema treliçado, essa capacidade seria menor, demandando o emprego de mais concreto para aumentar a resistência da laje e chegar ao nível de suporte de carga requisitado pelo projeto. “A laje protendida tem capacidade de suportar o dobro (da carga) da treliçada”, afirma.

O engenheiro observa ainda que há um ganho de cerca de 50% no tempo de execução do escoramento da laje pré-fabricada protendida, com relação à treliçada.

Material
Embora o orçamento final da execução da laje protendida neste empreendimento seja menor, o custo unitário do material é mais alto (sem considerar mão de obra, locações e demais insumos). Segundo o estudo comparativo da BLW, a laje protendida preenchida com lajotas cerâmicas foi orçada em R$ 33/m², enquanto a treliçada, com o mesmo preenchimento, ficou em R$ 30/m². Com isso, o custo total com material por pavimento atingiria R$ 5.600 na primeira, enquanto a segunda ficaria em apenas R$ 5.100.

A explicação para o custo mais elevado é que a fabricação da laje protendida requer maquinário especializado para garantir o controle preciso da adição do concreto que dará a resistência característica desse tipo de sistema. Por isso, o preço praticado pelo fornecedor é maior do que o da treliçada, cuja fabricação é mais simples. A fabricação da laje protendida também envolve um esforço maior na tração da armadura. Essa tração se mantém após a cura do concreto, garantindo a rigidez elevada, e, consequentemente, capacidade de suportar cargas maiores.

Já no caso dos demais materiais, o trabalho no canteiro emprega basicamente os mesmos itens nos dois tipos de sistemas estudados, mas a execução da laje protendida requer quantidades menores. O concreto dosado em central bombeável exigido para a laje treliçada é de 11,22 m³ (custo total por pavimento: R$ 2.468), enquanto na protendida, 9,35 m³ (R$ 2.057).

O estudo comparativo aponta também que a laje treliçada demanda quase o quíntuplo do número de unidades de escoras metálicas reguláveis, de forcado para vigas metálicas e de vigas metálicas, elevando proporcionalmente o custo com a locação desses itens pela construtora.

Alves comenta que a locação é feita com frequência pela BLW, pois isso evita gastos com manutenção e substituição de peças, além de treinamento para mão de obra específica para determinadas tarefas. “Escoramento necessita de uma responsabilidade técnica de engenheiros qualificados e especificados”, afirma. No caso do orçamento com mão de obra para este projeto, o número de trabalhadores e os custos são idênticos nos dois sistemas estudados de lajes.

Créditos: http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/172/artigo365354-2.aspx

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